Trabalho desde os 16 anos... comecei, por brincadeira, a trabalhar, durante o verão, em bares e cafés. Com esse dinheiro tirei a carta de condução e comprava as minhas coisinhas...
Aos 18, logo após terminar o 12º ano, arranjei o meu primeiro trabalho. Dois anos depois entrei para a faculdade e durante cinco anos mantive-me nesse mesmo local de trabalho. Ganhava pouco... mal de mim se não tivesse pais e namorado para ajudar a "sustentar" tantas despesas!! mas não deixaram de ser 5 anos de sacrifícios, de noites mal dormidas e muito, muito cansaço.
Esperei mais dois anos para arranjar trabalho este trabalho, na minha área de formação. Deixei um lugar "cativo" na função pública em troca de um lugar incerto no privado, mas ia realizar o meu sonho, exercer a minha profissão e também ganhar mais...
Recordo-me quando, na universidade, nos diziam que é na prática que aprendemos... verdade, verdadinha! Durante 4 anos dei o melhor de mim.
Fiz tudo para não falhar profissionalmente, todos os dias fiz por aprender mais, nunca errar, agradar tudo e todos... vesti a camisola! aliás, vesti-me da cabeça aos pés para defender o meu local de trabalho, as minhas funções, as minhas responsabilidades... fiz mais do que me competia (armei-me em polivalente), dei horas e mais horas e nunca, mas nunca compensei nem metade...
Vivia para o trabalho. Chegava a casa e ainda havia qualquer coisa para fazer, ao fim-de-semana havia sempre um telefonema para me preocupar, estava até às tantas no computador, ao meio da noite lembrava-me de algo e levantava-me só para registar num papel... tudo tinha de estar na devida ordem, eu só queria que tudo corre-se bem!! toda eu "respirava" brio e responsabilidade profissional... aqueles que eu amo, passaram muitas vezes para segundo plano!!
Sem saber como nem porquê, de um momento para o outro, passei de bestial a besta... ao príncipio nem me apercebi, mas depois o ambiente começou a ficar insuportável e o meu trabalho cada vez mais boicotado, ignorado e desrespeitado... (até podia desenvolver muito mais este assunto, mas é que já nem me apetece falar sobre...)
A minha cabeça começou a fazer "tilt" com tanta pressão e entrei em
burnout.Não muito consciente do meu problema, e só porque a minha irmã insistiu muito, procurei o médico... e, a partir daí foram meses e meses de baixa médica. Completamente perdida entre psicólogos, psiquiatras, medicamentos... e naaadaaaa!! cada vez mais destroçada, mais amargurada, mais amendrontada...
Entretanto engravidei... (lá está, o universo respondeu ao meu pedido, na altura pensei "na pior altura!", mas hoje sei bem que não podia ter havido melhor timming... afinal o Universo sabe o que faz! ;)... pensei voltar a trabalhar, mas para o médico ir trabalhar grávida e completamente alterada estava fora de questão!
De um dia para o outro deixei a medicação e levei um grande raspanete da psiquiatra. Senti que não podia tomar mais porcarias, muito menos grávida. Este foi o primeiro passo.
Nem sei como as coisas começaram a mudar... mas o meu filho foi um anjo enviado do céu, de certeza!
E como nada acontece por acaso, nem um mês depois de saber que estava grávida, uma amiga convida-me para ir a uma meditação em grupo... eu? hãnnn?? tão céptica em relação a estas coisas! mas lá fui, não muito convencida... mas o que é engraçado é que um dos meus objectivos deste ano seria o meu crescimento espiritual... nem sei porquê, mas lá está: mais um pedido lançado ao universo.
Chorei, chorei, chorei... no fim da meditação, a terapeuta, sem me conhecer de lado algum, disse-me tudo, mas tudo, o que eu precisava ouvir... aquelas palavras fizeram todo o sentido! coisas tão simples... que abanão!!
Ah, e tal, é tudo uma questão de predisposição psicológica... que seja!! o que é certo é que senti-me bem e saí de lá com uma enorme paz de espírito... até à data, nada me tinha feito sentir tão bem! saía sempre das consultas a chorar , frustrada e incompreendida...enfim!
Não, não se deu nenhum milagre! Há um ano que estou a "investir" em mim... a mudança não é radical, nem repentina... a mudança faz-se todos os dias, é suave mas muito consciente... sinto-me bem, feliz, tranquila e forte! Não foram os medicamentos, não foi nenhuma religião, não foi nenhum tratamento... simplesmente acho que encontrei-me...
Felizmente, a única coisa menos boa na minha vida é mesmo o meu estado profissional e algumas pessoas com quem trabalho...a única! simplesmente menos boa, porque agora até consigo ver o lado positivo da coisa... eheheheh! aprendi a viver com isso, muito bem... não me tira o sono, não perturba a minha paz interior, nem ocupa a minha cabeça...
(pode continuar...)